sábado, 29 de maio de 2010

QUEM MATOU AQUELE HOMEM FOI O ESTADO. O POLICIAL FOI SÓ UMA FERRAMENTA.

SITE R7 (Record).
“Já confundi guarda-chuva com fuzil”, diz ex-policial do Bope
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Estresse pode ter provocado acidente em que policial confundiu furadeira com arma.
Carolina Farias, do R7, no Rio.
Um ex-policial do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar do Rio de Janeiro disse à reportagem do R7 já ter confundido um guarda-chuva com um fuzil durante uma operação. Ele se lembrou do episódio, que quase acabou em tragédia, ao ver nos noticiários que um ex-colega de farda matou na última quarta-feira (19) um morador do Andaraí, na zona norte, após confundir uma furadeira com uma metralhadora.
- Era noite. Cheguei a engatilhar a arma. Foi Deus que não me deixou atirar.
O ex-agente, que pediu para não ser identificado, saiu do Bope há cinco anos e conhece o policial que atirou no fiscal de supermercado Hélio Barreira Ribeiro, de 47 anos. Ele admite que, naquelas circunstâncias, também erraria e atiraria contra o homem.
- Aquilo foi uma fatalidade. Conheço esse policial. Ele é treinadíssimo. A gente não pode julgar. O estresse do trabalho é muito alto.
A vítima estava em sua casa quando o Bope fazia operação para encontrar um ponto de venda de drogas numa vila de classe média da rua Ferreira Pontes, um dos acessos ao morro do Andaraí. O supervisor estava de folga e subiu no terraço, com uma furadeira, para consertar um toldo.
A 40 metros de distância, o PM do Bope achou que Ribeiro estava com uma metralhadora e atirou com seu fuzil. O tiro entrou pelo lado direito do corpo do morador, atravessou a axila esquerda e chegou a furar o telhado. Ele morreu na hora. O policial vai responder por homicídio doloso (quando há intenção de matar) em liberdade.
O ex-policial diz que os PMs do batalhão são submetidos a um nível de estresse muito alto, porque sabem que serão alvos dos criminosos durante as invasões.
- Vocês está esperando o bandido atirar em você. Quando entramos nas favelas, os traficantes soltam fogos avisando que o Bope está na área e que é para dar tiro [nos policiais]. Eles têm atiradores, armamentos melhores que o nosso. A nossa sorte é que eles não têm o treinamento que o Bope tem.
Estresse
Policiais e especialista ouvidos pela reportagem apontam que o erro é justamente consequência dessa rotina desgastante da PM. O nível de estresse é um problema agravado pela jornada dupla por causa dos chamados bicos que os policiais são obrigados a fazer para melhorar a renda, diz o ex-corregedor da PM coronel Paulo Ricardo Paúl, que hoje está na Diretoria Geral de Pessoal.
- O salário de R$ 1.000 obriga o praça, o cabo, a fazer o bico. Ele trabalha na folga. O policial do Bope faz segurança de empresário, que também é um serviço arriscado. Isso sem contar que o serviço do policial por si só é extremamente desgastante, física e emocionalmente. São bombas ambulantes.
Para o coronel, o erro cometido pelo policial do Bope também é resultado da falta de política de segurança do Estado. Ele diz que só o Bope tem treinamento continuado e que os demais batalhões possuem policiais que passaram por treinos somente na academia.
- Quem matou aquele homem foi o Estado. O policial foi só uma ferramenta. Os policiais têm armas, decidem em uma fração de segundo a vida dele, do criminoso ou de um inocente.
Tiro em último caso
O treinamento da Polícia Militar do Rio, que dá enfase ao confronto, deve mudar para evitar situações como a morte do supervisor, defende o coordenador da ONG Viva Rio, Tião Santos. Para ele, o policial deve evitar o tiro e fazer o disparo somente em último caso.
- A lógica da formação seria não responder com o tiro, porque, às vezes, pode responder em situação de estresse, de tensão. O policial tem de fazer o disparo com segurança. Não pode ser essa loucura de hoje, de tudo partir para o tiro. Não falta treinamento, tem é que mudar a concepção.
O governador Sérgio Cabral (PMDB) e o secretário da Segurança Pública, José Mariano Beltrame, pediram desculpas à família de Ribeiro. A família deve receber uma pensão do Estado como forma de reparação. Beltrame admitiu que os policiais, mesmo os mais treinados, como os do Bope, são passíveis de erros.
- Os policiais do Bope são os que mais passam por treinamentos. Eles dão instrução para polícias de todos os Estados e de outros países. Eles são treinados excessivamente, mas a polícia é feita de seres humanos e, infelizmente, seres humanos também erram. Este foi um erro grave, mas não há nada que eu diga que vá reparar a dor que esta família está passando, que vá reparar esse erro.
Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que o Bope foi ao morro do Andaraí para verificar uma denúncia de que havia tráfico no local e foram recebidos a tiros. A pasta informa que o Bope não ocupa morros, mas que faz operações especiais. O órgão disse que os policiais do batalhão treinam mais que os outros PMs e que recebem uma gratificação de R$ 1.500 para evitar o bico.
A PM informou que, durante as operações, orienta os moradores que estão em casa, que permaneçam na residência enquanto durarem as ações. Caso o morador esteja fora de casa, é recomendado que ele procure um lugar seguro até o fim da operação. Quando o policial observa "conduta inconveniente", diz a nota, ele faz uma “revista pessoal de forma técnica e respeitosa”.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

2 comentários:

o brado disse...

Cel Paúl
O BOPE não pode errar dessa maneira absurda, quem morreu foi um cidadão brasileiro honesto cumpridor do seu dever pai de família. O Cb foi infeliz e descuidado, errou feio, não havia situação de risco para se justifica tamanho descalabro ele não estava isolado estava em equipe e se houvesse um perigo eminente poderia captura o individuo com a equipe sem matar,para isso o governo diz que ele é treinado, não houve emboscado não houve reação o SR. Estava na escada o CB tem problema de visão , só justificaria se ao passar ele sabitu visse a suposta arma apontada para ele ou para equipe ele estava bem guarnecido. Não acredito que quis produzir aquele efeito, mais se assim o fosse a PM pudesse agir fora da legalidade não ia sobrar nem um bandido para ir a júri era só treinar e espalhar francos atiradores por toda parte.Eu mesmo quando fui do EB não errava um alvo a 60 metros com um FAL e BERRETA e eu era uns dos piores. Existe algo de podre na policia do Cabral não é só gratificação que faz um bom POLICIAL. JSF

Anônimo disse...

Cel Paúl não entendi aquele corporativismo. O Equipe errou fez M e agora é alertar, levantar a cabeça e ir em frente. O comandante do BOP não deve se meter nas investigações e melhor ele esperar e esse negocio de erro justificado com a vida do outro e balela do governo eles tão pouco lixando para CB, agora o BOP vai ver como elels são nós a se povinho da PM e BM já estamos acostumados.