Ocupar morro no Rio manda crime para o asfalto
18-10-2009
O governo do estado sabe – só não conta para o carioca – que essa história de Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP empregada para ocupar favelas, não é o bálsamo que vai devolver a paz a cidade. Se fosse não teria havido o horror deste sábado no Morro dos Macacos, no Jacarezinho e em boa parte da Zona Norte do Rio. Quem trata da segurança no Rio já entendeu que balançar a árvore de bandidos nos morros faz cair criminoso no asfalto.
Só quando conseguir limpar a PM o estado poderá oferecer ao carioca uma política de segurança na qual caiba o nome. Até lá, não há frotas novas de viaturas ou de caveirões que resolvam. É com a vista grossa (quando não com a cobertura) da PM que drogas, armas e avisos sobre operações policiais continuam chegando aos morros.
Isso é muito evidente desde 2007, quando a Polícia Militar, com ajuda da Força Nacional de Segurança, ocupou a favela Vila Cruzeiro, despejou chumbo sobre os traficantes por 40 dias e não aconteceu nada. Os bandidos responderam com igual intensidade e, muitas vezes, com armas mais poderosas. O longo cerco matou mais de 20 bandidos, feriu mais de 30 e prendeu mais de 70 pessoas.
Quando os PMs desceram o morro, que integra o conjunto de favelas do Alemão, a quadrilha estava intacta. Tanto em poder de fogo, quanto em contingente. A munição que os tráficantes queimavam durante o dia contra a polícia era reposta na madrugada, com a cobertura de corruptos da própria PM. Foi ao ponto de a secretaria de Seguranca ser obrigada a desarmar o circo para não ser desmoralizada.
Os únicos que perderam algo foram os moradores. Trabalhadores ficaram sem empregos, estudantes sem aula e pequenos comerciantes não puderam abrir suas lojas por causa do toque de recolher imposto pelo tráfico. Ontem, no Morro dos Macacos, aconteceu o mesmo. As famílias amanheceram e passaram o dia trancadas. A polícia perdeu dois homens e um helicóptero. O tráfico perdeu nada. Os dez mortos e catorze presos já foram substituídos. Traficante é peça de reposição.
Ocupar a favela com UPPs e inviável, pelo menos por enquanto. Não é segredo – muito menos para a polícia – que a ocupação de favela grande e bem armada agora não apenas é muito arriscada como exige número de homens de que a PM não pode dispor sem desguarnecer outras áreas. E, mais grave de tudo, ocupar neste momento que os índices de criminalidade estão altos significa empurrar para o asfalto, em média, mais 150 ladrões, assaltantes de residências e assassinos, que é, por exemplo, o tamanho da quadrilha que domina o Morro dos Macacos.
http://xicovargas.uol.com.br/index.php/1375
JUNTOS SOMOS FORTES!O governo do estado sabe – só não conta para o carioca – que essa história de Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP empregada para ocupar favelas, não é o bálsamo que vai devolver a paz a cidade. Se fosse não teria havido o horror deste sábado no Morro dos Macacos, no Jacarezinho e em boa parte da Zona Norte do Rio. Quem trata da segurança no Rio já entendeu que balançar a árvore de bandidos nos morros faz cair criminoso no asfalto.
Só quando conseguir limpar a PM o estado poderá oferecer ao carioca uma política de segurança na qual caiba o nome. Até lá, não há frotas novas de viaturas ou de caveirões que resolvam. É com a vista grossa (quando não com a cobertura) da PM que drogas, armas e avisos sobre operações policiais continuam chegando aos morros.
Isso é muito evidente desde 2007, quando a Polícia Militar, com ajuda da Força Nacional de Segurança, ocupou a favela Vila Cruzeiro, despejou chumbo sobre os traficantes por 40 dias e não aconteceu nada. Os bandidos responderam com igual intensidade e, muitas vezes, com armas mais poderosas. O longo cerco matou mais de 20 bandidos, feriu mais de 30 e prendeu mais de 70 pessoas.
Quando os PMs desceram o morro, que integra o conjunto de favelas do Alemão, a quadrilha estava intacta. Tanto em poder de fogo, quanto em contingente. A munição que os tráficantes queimavam durante o dia contra a polícia era reposta na madrugada, com a cobertura de corruptos da própria PM. Foi ao ponto de a secretaria de Seguranca ser obrigada a desarmar o circo para não ser desmoralizada.
Os únicos que perderam algo foram os moradores. Trabalhadores ficaram sem empregos, estudantes sem aula e pequenos comerciantes não puderam abrir suas lojas por causa do toque de recolher imposto pelo tráfico. Ontem, no Morro dos Macacos, aconteceu o mesmo. As famílias amanheceram e passaram o dia trancadas. A polícia perdeu dois homens e um helicóptero. O tráfico perdeu nada. Os dez mortos e catorze presos já foram substituídos. Traficante é peça de reposição.
Ocupar a favela com UPPs e inviável, pelo menos por enquanto. Não é segredo – muito menos para a polícia – que a ocupação de favela grande e bem armada agora não apenas é muito arriscada como exige número de homens de que a PM não pode dispor sem desguarnecer outras áreas. E, mais grave de tudo, ocupar neste momento que os índices de criminalidade estão altos significa empurrar para o asfalto, em média, mais 150 ladrões, assaltantes de residências e assassinos, que é, por exemplo, o tamanho da quadrilha que domina o Morro dos Macacos.
http://xicovargas.uol.com.br/index.php/1375
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

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