quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O SAMBA DOS BRANCOS DOIDOS DA INSEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL.

NOTÍCIAS - EMAILS RECEBIDOS:
1) O GLOBO:
Guerra
Beltrame e Gilmar Mendes defendem maior atuação do governo federal no combate ao tráfico no Rio
Publicada em 20/10/2009 às 15h51mFernanda Baldioti, Flávio Tabak, Chico de Gois, Luiza Damé - O Globo
RIO e BRASÍLIA - A guerra entre traficantes no Rio - que, no sábado, provocou a queda de um helicóptero da Polícia Militar - se tornou motivo de desavença entre os governos estadual e federal. O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, em conversa com um grupo de líderes cariocas na noite de segunda-feira, reclamou da sobrecarga de tarefas da polícia fluminense, que estaria executando afazeres de responsabilidade do governo federal, informou nesta terça-feira o Blog de Ricardo Noblat . O ministro da Justiça, Tarso Genro, rebateu as críticas de Beltrame. Segundo ele, o governo federal tem colaborado com o Rio não só no setor de inteligência, mas repassando recursos:
- É necessário conceber que o que está ocorrendo no Rio é o efeito de 30 anos de abandono, onde o território foi ocupado pela criminalidade organizada, de maneira sistemática. E agora isso ai está sendo combatido, a partir do governador Sérgio Cabral - disse o ministro, citando o convênio entre os governos federal e do Rio que preveem uso da infraestrutura de inteligência e de força da Polícia Federal no combate ao narcotráfico, especificamente na cidade do Rio, e o repasse de R$ 100 milhões para serem usados na solução do problema. - Se precisarem mais de R$ 100 milhões do orçamento deste ano para o ano que vem nós também daremos. O presidente me deu ordem para que o Rio seja plenamente atendido.
No encontro da noite desta segunda, Beltrame chegou a dizer que gostaria que os ataques do último sábado fossem vistos como os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, dando origem a uma política de segurança de Estado, não de governos.
- O Rio precisa que o governo federal assuma plenamente a responsabilidade legal de combate à droga. Se não assume, nós assumimos. Tudo bem. Vamos fazer. Estamos fazendo. Mas polícia estadual é responsável por prevenção e investigação. Por encontrar e entregar o criminoso à Justiça. Tráfico de drogas é com a Polícia Federal. Infelizmente, no Rio não é. A Secretaria de Segurança faz as duas coisas aqui. Ou melhor: faz as três. A saber: a polícia de prevenção e de investigação, a polícia de combate ao tráfico de drogas, e a polícia de proximidade, de reconquista dos territórios - disse Beltrame, segundo o Blog do Noblat.
Num discurso afinado com o do secretário, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, disse, também nesta terça, que é preciso articular melhor a divisão de responsabilidades entre os governos federal e estaduais. Mendes foi além e afirmou ainda que é hora de se discutir o emprego das Forças Armadas na segurança pública.
Gilmar Mendes ressaltou que nem tudo é função dos governos estaduais. O presidente do STF sugeriu até a criação de um plano nacional para combater o crime:
- No Rio, há o uso de armamentos pesados, que são importados ilegalmente. Isso passou pela fronteira. Não é um problema básico do Rio, mas da falta de controle. Há uma responsabilidade nacional, não podemos imputar apenas às autoridades locais.
" Tráfico de drogas é com a Polícia Federal. Infelizmente, no Rio não é "
2) O DIA:
Sacerdócio do perigo
Governo federal cria programa para treinar pilotos de helicóptero em áreas de conflito
POR CHRISTINA NASCIMENTO, RIO DE JANEIRO
Rio - Três dias após aeronave da Polícia Militar ser abatida por traficantes no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) anunciou que vai criar um curso nacional de pilotagem de helicópteros em áreas de conflito. Esse tipo de formação é uma antiga demanda da equipe de patrulhamento aéreo da Polícia Civil do Rio, que deverá ser uma das primeiras a integrar a turma. O grupo, formado por 17 pilotos e copilotos, participa de operações sem ter nenhum treinamento específico para voos em locais de conflito, além de ter no seu histórico a perda de dois tripulantes por tiros durante sobrevoo a favelas. Patrocinadas pelo governo federal, as aulas começam em março e serão realizadas na base aeroespacial em construção na antiga Fazenda Itamarati, em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. O terreno, com pista de pouso de 2.040 metros e hangar com dois pavimentos, está sendo reformada para receber os agentes de segurança.
“Estamos montando esse curso porque existe uma demanda real, uma necessidade de qualificar esses profissionais. É uma parceria da Senasp com a Aeronáutica e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). As vagas estarão abertas para agentes de segurança de todo o País, mas certamente teremos representantes do Rio. As aulas serão somente para policiais que são pilotos de helicóptero. Ainda não definimos a carga horária, mas será por hora de voo. No local, vamos construir ainda uma vila militar com 40 casas”, adiantou o secretário nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, que afirmou ainda que o Comitê Olímpico Internacional (COI) sabia que não estava escolhendo nenhum ‘paraíso’ ao nomear o Rio como cidade-sede dos Jogos de 2016. “Eles sabiam dos problemas históricos de segurança que a cidade tem. Nós não tentamos iludir o COI”.
Para se tornar um piloto da Polícia Civil, são necessárias 500 horas de voo numa rotina em que a vida é diariamente colocada à prova. O sucesso do trabalho dos policiais exige ultrapassar os limites da segurança. Em 90% dos voos, os agentes estão na chamada “curva do homem morto” — relação entre a altura e a velocidade que pode ser fatal. Na prática, isso significa que, em caso de pane no motor, o piloto dificilmente consegue fazer um pouso seguro.
Nas operações policiais, as aeronaves chegam a sobrevoar a 20 metros do solo. Em média, cada tripulante carrega 23 quilos de equipamentos e, por isso, a mobilidade fica comprometida, o que amplia o risco da atividade.Com o uso de armamento mais pesado pelos criminosos, a tática de abrir a visão no mato com rasantes deixou de ser empregada, pelo risco de a fuselagem acabar alvejada. É comum para os policiais encontrarem marcas de tiros nos Águias 1 e 2. Outra dificuldade tem a ver com a formação da equipe. Dos 17 capacitados para os cargos de piloto e copilotos, apenas seis já eram formados na profissão quando entraram na instituição. O restante foi sendo treinado na própria Polícia Civil. O curso consiste basicamente em embarque e desembarque em solo, salvamentos no mar e técnicas de rapel. No Grupamento Aéreo Marítimo (GAM), da Polícia Militar (PM), a realidade é um pouco diferente. O efetivo de 160 homens — sendo 12 pilotos, que também devem ter 500 horas de voo — tem auxílio na formação da Marinha, Exército e Aeronáutica. Segundo o relações-públicas da PM, major Oderlei Santos, os treinamentos são constantes. O Núcleo de Policiamento Marítimo (NPM), dentro do GAM, cuida das atividades mais arriscadas: seus homens são responsáveis pelo patrulhamento das favelas às margens da Baía de Guanabara para tentar impedir que recebam drogas e armamento de contrabandistas.
Blindado da PM pode demorar 1 ano
A Polícia Militar ainda vai ter que esperar pelo menos um ano para ter o seu helicóptero blindado devido à burocracia que envolve a compra do equipamento. A aeronave já foi pedida há quase um ano pelo Grupamento Aéreo Marítimo (GAM) à Secretaria Estadual de Segurança Pública (Seseg). Em novembro do ano passado, a subsecretária de Gestão Estratégica, Susy das Graças de Almeida Avellar, abriu o processo para a aquisição do blindado. O documento até agora acumula 423 páginas. A aeronave está orçada em pouco mais de R$ 12 milhões.
Susy já perdeu a conta de quantas vezes foi à Procuradoria-Geral do Estado (PGE) tratar do assunto — e a Brasília também, já que o dinheiro é da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). “A burocracia na lei da licitação é burra. Além da demora que provoca, muitas vezes não atende às necessidades que o estado tem. A licitação pelo menor preço, por exemplo, pode fazer com que compremos um material inferior ao necessário ou até mesmo que não sirva para o que foi proposto”, explicou Susy. Para ela, o administrador do dinheiro público deveria ser o responsável por determinar de que maneira ele será usado. “Depois ele que responda na Procuradoria-Geral do Estado pelos seus gastos”, disse ela.
O dinheiro para adquirir o blindado entrou na conta da secretaria em setembro. Susy explicou que, se tivesse esperado o dinheiro entrar na conta para iniciar o processo de licitação, a entrega do helicóptero demoraria ainda mais. “Nos antecipamos porque já conhecemos os trâmites das licitações”, contou a subsecretária. O helicóptero da PM será igual ao blindado da Polícia Civil. O edital de licitação será publicado hoje no Diário Oficial, e a empresa vencedora será anunciada dia 10. Ela terá até um ano para entregar o equipamento. Lula admite que solução é demoradaA guerra do tráfico na Zona Norte continua repercutindo no Brasil e no exterior. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou pela primeira vez o episódio. “Vamos fazer o necessário para limpar o que essa gente deixa no Brasil inteiro. Quando se tem um conflito dessa magnitude, muitas vezes quem paga são os inocentes. Ainda vai levar tempo para resolver a questão do narcotráfico no Rio. Estamos repondo o helicóptero que foi derrubado e queremos colocar um blindado para a polícia tentar encontrar quem praticou estes atos de violência”, afirmou.
O prefeito Eduardo Paes — que está em Londres, na Inglaterra — garantiu que os episódios não vão influenciar a realização dos Jogos Olímpicos de 2016. “Temos condições de realizar os Jogos. O próprio Comitê Olímpico Internacional (COI) percebeu que há uma política séria que está transformando a segurança no Rio. Os desafios estão sendo enfrentados e nunca foram escondidos”, afirmou. Um dos integrantes do COI, Craig Reedie, afirmou ontem que os fatos que ocorreram no Rio nem se comparam aos de Londres há quatro anos — dias depois de a cidade ser anunciada sede das Olimpíadas de 2012. Na época, quatro ataques suicidas mataram 52 pessoas em explosões no sistema de transporte público. “Isso é insignificante em comparação com o que aconteceu com Londres em 2005”.
3) O DIA:

Polícia encontra armas que teriam sido usadas no ataque
Rifles antiaéreos foram descobertos através de escuta enterrados a um metro de profundidade, dentro de tonel em mata de Mesquita
Rio - Dois rifles calibre .30, que podem ter sido usados para derrubar o helicóptero Fênix-03 no sábado, foram encontrados ontem no Morro da Chatuba, em Mesquita, Baixada Fluminense. O Serviço de Inteligência da PM interceptou uma ligação telefônica na noite de domingo, indicando que traficantes do Jacarezinho haviam levado armamento para a Chatuba depois do confronto no Morro dos Macacos. As armas estavam enterradas a um metro de profundidade num tonel no meio da mata.
Em quatro horas de operação, 40 policiais do 20º BPM (Mesquita) também apreenderam 3 mil cápsulas de vários calibres, uma submetralhadora 9 milímetros, duas escopetas calibre 12, uma espada samurai, uma granada de uso exclusivo das Forças Armadas, três coletes à prova de bala, oito carregadores (um deles de ação tripla), oito uniformes semelhantes aos do Bope, 600 sacolés de cocaína, 500 trouxinhas de maconha, dois botijões de gás e um tonel. Não houve confronto.Segundo agentes do Serviço Reservado do batalhão, Nilton Moura da Silva, o Juninho Cagão, 26 anos, é o suspeito de ter ajudado os traficantes do Jacarezinho a transportar as armas para a Baixada. O traficante, de acordo com os PMs, mantém ligação com PL e Pará, integrantes do bando do Jacarezinho. Encontrados dentro do tonel, os rifles antiaéreos apreendidos, da marca Springfield Armony, são de fabricação norte-americana. Usada desde a 1ª Guerra Mundial, a arma semiautomática passou por avanços tecnológicos e ficou conhecida na Guerra do Vietnã. “Não há como negar que existe a possibilidade de esses rifles de longo alcance terem derrubado o helicóptero da corporação”, afirmou o tenente-coronel Ivanir Linhares, comandante do 20º BPM.
À tarde, no Jacarezinho, PMs prenderam um suspeito que teria confessado participação na guerra. Murilo Rodrigues dos Santos Pimenta, 18 anos, que responde a inquérito por corrupção de menores e receptação, foi capturado em casa. Aos policiais, ele apontou um local na favela onde havia pequena quantidade de maconha e uma pistola calibre 40. Parentes do acusado negaram envolvimento do rapaz no ataque. De manhã, também houve incursões no Jacarezinho e no vizinho Complexo de Manguinhos. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) interditaram a Av. Leopoldo Bulhões por duas horas para evitar o risco de balas perdidas. Em Manguinhos, PMs recuperaram quatro motos roubadas e apreenderam uma espada, drogas e um uniforme de operário do PAC.
PF investiga se ordem partiu de presídio
O governador Sérgio Cabral negou ontem que a polícia sabia da invasão. “Não temos essa informação. Nessa hora, o que mais tem é palpiteiro”, disse. Um equipe da Divisão de Inteligência da Polícia Federal chega hoje ao Rio para investigar a informação de que a ordem teria partido de detentos do presídio federal de Catanduvas. Segundo os agentes, a informação, atribuída à Polícia Civil, criou mal-estar entre os governos estadual e federal. O Ministério da Justiça negou ontem a versão. De acordo com o diretor do Departamento Penitenciário Nacional, Wilson Damázio, não há como um preso se comunicar. “Conversei com o Beltrame e ele me disse que essa informação não saiu de lá. Para o chefe de Polícia Civil, Alan Turnowski, “houve ordem da cúpula”, pois os bandidos vieram de várias favelas.
4) O DIA:
Feridas abertas da violência.
Guerra afeta frequencia de escolas e rotina de ônibus.
Rio - Dois dias depois dos confrontos em Vila Isabel, moradores de bairros da Zona Norte ainda sentiam os reflexos da invasão de traficantes ao Morro dos Macacos. Com medo de novos confrontos, 5.260 estudantes de dez colégios e sete creches da rede municipal não foram ontem a colégios em Vila Isabel, Engenho Novo, Manguinhos, Jacaré e Higienópolis. Por causa dos ônibus incendiados na Avenida Dom Hélder Câmara, em acesso à Favela do Jacarezinho, mais de 400 moradores da comunidade estão sem telefone desde sábado — o fogo destruiu cabos.
O temor de ataques no Jacarezinho levou fiscais de empresas de ônibus a orientar motoristas a evitar a parada no sinal do cruzamento das avenidas Dom Helder Câmara com Democráticos. Foi naquele trecho que três coletivos foram incendiados no sábado.De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, a frequência dos alunos nos colégios próximos a comunidades afetadas pela guerra caiu pela metade. Perto dos morros dos Macacos e São João, muitos não apareceram. Na Escola Municipal Estado da Guanabara, em Higienóplis, estudantes foram dispensado no meio da manhã.“Foi uma decisão da direção do colégio, preocupada com tiroteios que deixariam alunos em situação de risco. Infelizmente, somos obrigados a ficar presos com nossos filhos dentro de casa porque a qualquer momento isto aqui pode virar um inferno”, desabafou a dona de casa Neide Nascimento do Carmo, 32, com os filhos de 5, 11 e 12 anos.
BALA A DOIS PALMOS DA CABEÇA
Em Vila Isabel, a família do desenhista industrial F. N., 29 anos, ainda não havia se recuperado do susto. No tiroteio de sábado, uma bala de fuzil que atravessou o vidro da janela por pouco não causou uma tragédia. O disparo, que partiu do alto do Morro dos Macacos, passou a dois palmos da cabeça da mãe de F., que estava sentada no sofá, assistindo TV.
“Dois dos nossos vizinhos já tinham sofrido com isso. Era questão de tempo uma bala invadir nossa casa. Estávamos com muito medo do confronto lá fora e agora perdemos a paz aqui dentro também. Ouvimos uma longa rajada e menos de um minuto depois o tiro fez um rombo na janela. Minha mãe simplesmente poderia ter morrido. Ela chorou tanto. Foi um desespero”, lembrou o desenhista.
Roupas vermelhas nos varais de comunidade
Os tiros intensos até o amanhecer e lençóis vermelhos pendurados no varal do Morro dos Macacos chamaram a atenção da aposentada Dora Vieira, 76 anos, que acompanhou da varanda os momentos de terror vividos pelos moradores da comunidade. Sem conseguir dormir e levando bronca do filho por não se abrigar dentro de casa, num apartamento na Rua Luiz Guimarães, ela viu os clarões das explosões de granada em parte do morro que estava às escuras.“Hoje está tudo calmo, com polícia no morro. Mas nunca tinha sido assim tão constante. Passei a noite acordada, no meio da guerra. Quando clareou, sábado, pude observar toalhas, lençóis, roupas vermelhas nas cordas, o que nunca tinha visto. Até achava engraçado nenhum morador lavar roupa dessa cor em casa”, comentou, sem saber da proibição da facção Amigos dos Amigos (ADA), rival do Comando Vermelho.
“Minha pressão subiu e estou apavorada até hoje. Foram muitos tiros e bombardeios. Me sinto desprotegida dentro da minha casa. Até minha soneca na varanda está suspensa”, disse a aposentada, que também evita sair de casa.
Reportagens de Amanda Pinheiro, Geraldo Perelo, Marco Antonio Canosa, Maria Inez Magalhães, Maria Mazzei, Paula Sarapu, Ricardo Albuquerque e Thiago Prado
5) JORNAL EXTRA:
Combate ao tráfico: Gilmar Mendes defende melhor articulação na divisão de responsabilidades entre os governos federal e estadual
Flávio Tabak
RIO - O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, esteve no Rio, na manhã desta terça-feira, e comentou a guerra do tráfico que culminou com a queda do helicóptero da PM, no último sábado. O ministro disse que é hora de se discutir o emprego das Forças Armadas na segurança pública além de uma melhor articulação de divisão de responsabilidades entre o governo federal e governos estaduais.
- De repente, temos que discutir a participação em algum tópico das Forças Armadas que têm expertise no controle das fronteiras, com seus setores de inteligência. O tema da segurança é tão grave, que, já disse uma vez, se necessário é preciso pensar até num Fundef para a segurança pública.
O presidente do STF também comentou sobre a progressão de regime de criminosos que conseguem benefícios na Justiça e acabam por fugir da detenção, como foi o caso do traficante Fabiano Atanásio da Silva, o FB. Segundo o ministro, há uma preocupação sobre o funcionamento da justiça criminal:
- Aqui (Rio) temos um grave problema de segurança pública, e a não efetividade da Justiça criminal acaba muitas vezes propiciando situações graves. Realmente, estamos preocupados com isso. Acredito que, para o ano que vem, vamos melhorar mais, produzindo sentenças no tempo social e politicamente adequadas, com mutirões.
Sobre a divisão de responsabilidades, Gilmar Mendes disse que nem tudo é função dos governos estaduais. O ministro sugeriu até a criação de um plano nacional para combater o crime:
- No Rio, há o uso de armamentos pesados, que são importados ilegalmente. Isso passou pela fronteira. Não é um problema básico do Rio, mas da falta de controle. Há uma responsabilidade nacional, não podemos imputar apenas às autoridades locais.
6) JORNAL EXTRA:
Tiroteio entre policiais e traficantes assusta estudantes de escola na Rua Leopoldo Bulhões
Waleska Borges
RIO - Bandidos teriam se escondido na Escola Municipal Maria Cerqueira, na Rua Leopoldo Bulhões, em Manguinhos, e trocado tiros com policiais militares no horário de saída dos alunos. Houve pânico e os estudantes ficaram deitados no refeitório durante o tiroteio. O confronto teria começado quando os bandidos fugiam de policiais que faziam operação na Favela da Mandela.
7) JORNAL DO BRASIL:
NOSSO SMOKING ESTÁ RASGADO.
O governador do Rio, Sergio Cabral, ficou atônito com a explosão de violência no Rio no último sábado. Uma de suas primeiras preocupações foi tentar tranquilizar o mundo quanto à Olimpíada e aos jogos da Copa do Mundo na cidade.
_ Avisei ao Comitê Olímpico Internacional que a coisa não é fácil, que é um trabalho de médio e longo prazo, mas que durante os eventos esportivos podemos colocar 40 mil policiais militares, civis e federais nas ruas e garantir a segurança. Vamos continuar nesta linha de enfrentamento do crime organizado.
Crime organizado?
Milhares de jovens banguelas, de chinelo de dedo, viciados em cocaína e crack com fuzis na mão é crime organizado? Para mim, trata-se apenas do resultado de um país que não se preocupou com seu povo por cinco séculos. E uns ingênuos ainda dizem que a culpa é dos maconheiros, porque a necessidade de culpar alguém é maior que a razão.
O mundo pode até ter fingido que engoliu as explicações do governador, mas quem vai tranquilizar os cariocas? Vivemos aqui o ano inteiro e não apenas nos dias seguros de Copa e Olimpíada. Depois de tanta euforia midiática pela escolha do Rio como sede olímpica, eis que a realidade se mostrou novamente de forma virulenta e mais midiática ainda. Um helicóptero da PM abatido a tiros de grosso calibre, dois policiais mortos carbonizados e outros quatro feridos. Cerca de dez ônibus incendiados em vários pontos da cidade, graças a Deus, desta vez vazios. Mais de 20 horas de tiroteio no bairro onde nasceu Noel Rosa, Vila Isabel.
O discurso de que as competições internacionais trazem divisas nunca me convenceu. Eu estava quieto para não bancar o estraga prazeres, mas o Brasil precisa comer muito feijão com arroz para poder bancar o país de primeiro mundo como está querendo. Precisamos de muita escola, muito emprego, muita universidade, muito alimento, muito mais atenção com a cabeça das nossas crianças... muito mais do que tem sido feito pelos nossos governos. Foram 500 anos de baderna, exploração, egoísmo, roubalheira, discriminação. Isso não se conserta com meia dúzia de obras para uma competição que vai durar 40 dias daqui a sete anos. Vão despoluir a Lagoa Rodrigo de Freitas para as competições de remo? Que bonitinho... Quem mora ali vai adorar mesmo.
Mas e o lixão de Caxias, onde crianças catam dejetos para sobreviver? E as carceragens insalubres onde criminosos são aontoados sem qualquer chance de recuperação? E as milhares de adolescentes grávidas nas favelas, insufladas pelo sexisimo inconsequente da televisão? E os professores e médicos ganhando miséria? E as lan houses abarrotadas de adolescentes embotados? E os hospitais sem atendimento?
É muita coisa, não dá para varrer para debaixo do tapete, como mostraram as imagens da guerra do Morro dos Macacos. Não adianta se emperequetar, nossa calça está rasgada.
As labaredas dos combates na Zona Norte do Rio nos acordaram do sonho olímpico. Vivemos sobre um paiol de pólvora e de vez em quando ele explode, cada vez menos de vez em quando. Certamente, durante os dois eventos internacionais, tudo estará em paz, milimetricamente vigiado para que quem tem direito ganhe seus milhões numa boa.
Depois... bom, aí seremos nós, habitantes do Rio, novamente frente a frente com nossos fantasmas.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

2 comentários:

Anônimo disse...

QUEREMOS O EXERCITO NAS RUAS DO RIO DE JANEIRO,ESTÁ NA HORA DO GOVERNO DOESTADOPEDIR AUXILIO AS FORÇAS ARMADAS,O RIO DE JANEIRO ESTÁ PEGANDO FOGO,SSSSOOOOCCCCOORRRROOOO MAMÃE!!!

Paulo Ricardo Paúl disse...

A decretação do estado de defesa deve ser avalaido pelo governo federal, afinal a ordem pública está seriamente comprometida.