Nas últimas semanas tenho investido a maior parte do meu tempo livre na ação de escrever um livro sobre a mobilização cívica dos Policiais Militares e dos Bombeiros Militares, conforme já informei nesse blog. Uma tarefa complexa diante de todos os fatos que antecederam e que resultaram na realização de duas "marchas democráticas" pelos Oficiais e Praças das duas instituições militares - ativos e inativos; pela AME/RJ e pelas Organizações Não Governamentais que apóiam a luta pelo resgate da cidadania dos militares estaduais.
A solidão diante do monitor conduz à diferentes reflexões enquanto o livro vai ganhando corpo e vez por outra, em razão de uma dessas reflexões volto e reescrevo um fato.
Ontem, após conversar com dois militares estaduais - um policial militar e um bombeiro militar - que encontrei casualmente no bairro de Botafogo e que apoiam a nossa mobilização, ganhei um presente. Um deles me disse uma frase que guardei no coração, uma daquelas frases que fazem valer a pena ter me exposto tanto e ao retornar ao monitor a frase me direciou ao tema idealismo e trouxe de volta antigas reflexões.
Pensei sobre o ideal institucional, que seria o ideal de todos nós e simultaneamente, a soma (o conjunto) do ideal de cada um de nós.
Pensei sobre o fato de vivermos na "sociedade do conhecimento", onde cada "colaborabor" (funcionário) é parte integrante do sucesso da empresa, lucra com esse sucesso ou perde com o fracasso.
Pensei sobre a heróica "missão" da Polícia Militar e a sua "visão de futuro", o que a instituição quer ser nos próximos anos.
Pensei sobre a nossa diversidade enquanto indivíduos.
E reunindo cada uma das reflexões concluí que não possuímos um "ideal institucional"; temos sérias dificuldades no entendimento e no cumprimento da nossa "missão" (constitucional) e que não possuímos nenhuma "visão de futuro".
Apesar de todos os nossos regramentos (leis, regulamentos, notas de instrução, etc) que deveriam facilitar a existência de uma unidade de propósitos, cada um de nós tem os seus próprios interesses e não conseguimos perceber a imperiosidade de construirmos "interesses institucionais".
Lendo as atas das reuniões realizadas na AME/RJ onde constam a relação dos presentes e fazendo uma comparação com os dias atuais, percebo o quanto estamos distantes de construirmos "ideais institucionais", objetivos institucionais que devéssemos perseguir para o sucesso da Polícia Militar.
E essa realidade nos deixará sempre "no meio do caminho de lugar nenhum".
A expressão "JUNTOS SOMOS FORTES" que simboliza a nossa mobilização trás consigo esse ensinamento, temos que ter ideais e objetivos comuns se desejamos construir uma instituição forte; que saiba qual é a sua missão; que cumpra essa missão com eficácia e que sabia onde quer chegar no futuro.
"SEPARADOS SOMOS FRACOS!"
E seremos sempre fracos, enquanto estivermos separados, sendo conduzidos para os caminhos que outros consideram os mais apropriados para nós e recebendo os piores salários do país.
E nossos Soldados continuarão arriscando a vida por menos de R$ 30,00 (trinta reais) por dia.
Não conseguimos aprender que um POLICIAL não foi recrutado, selecionado e formado para morrer e que devemos empregar todos os nossos esforços para minimizar essa possibilidade.
Não aprendemos que somos parte de um todo, a Polícia Militar.
O nosso sucesso pessoal deve ser fruto do sucesso da Instituição.
Uma Polícia Militar formada por cidadãos; que saiba qual é a sua missão e que a cumpra com eficiência nos conduzirá ao reconhecimento social, o primeiro passo para o nosso sucesso.
As nossas promoções inclusive ganharão em importância, considerando ser muito diferente ser um Coronel de uma Polícia Militar eficiente e reconhecida, do que ser um Coronel de uma Polícia Militar que atinge os menores indíces de confiabilidade junto à sociedade fluminense, criticada diuturnamente.
Qual o sentido de termos o peito ornado de medalhas se a realidade é que o nosso "cliente" não confia em nós?
Uma amarga realidade para uma Instituição que tem como "missão" SERVIR E PROTEGER O CIDADÃO!
A leitura do artigo publicado no blog Repórter de Crime que recebi por email é um bom começo para reflexões:http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/reporterdecrime/#100517
E assistam ao vídeo encaminhado pelo leitor Márcio José Barroso Pereira a respeito da marcha sobre a legalização das drogas:
http://br.youtube.com/watch?v =szQQtXAtw_8 JUNTOS SOMOS FORTES!
SEPARADOS SOMOS O QUE SOMOS!
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PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CIDADÃO BRASILEIRO PLENO
