quarta-feira, 18 de março de 2009

E O COMANDANTE GERAL DA PMERJ FOI EXONERADO...

O jornal O Globo publica na página 13 (Rio), duas matérias sobre a Polícia Militar, nesta quarta-feira:

1. OFICIAIS QUE VIVEM EM IMÓVEIS DA POLÍCIA MILITAR AINDA RECEBEM AUXÍLIO MORADIA.
Rio – Num dos pontos mais nobres da Tijuca, com policiamento ostensivo 24 horas, um Coronel e dois Tenentes-Coronéis moram em casas da PM recém-reformadas sem pagar um tostão de aluguel. Um dos oficiais é o Coronel Antônio Carlos Suarez David, chefe do Estado Maior, posto que equivale ao de Sub-comandante Geral da PM, que, além de morar em imóvel da PM com a família, ainda recebe auxílio-moradia (R$ 941,13).
Leia a reportagem:
http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/03/17/oficiais-que-vivem-em-imoveis-da-pm-ainda-recebem-auxilio-moradia-754882114.asp

2. BELTRAME NÃO COMBATERÁ “BICO”
EXCEÇÃO SERÁ SERVIÇO, AINDA SOB INVESTIGAÇÃO, PRESTADO POR OFICIAIS DA PM À LIESA.
- “Bico” de policiais no carnaval, as comunidades pacificadas, o combate aos milicianos. Por mais de três horas, estes e outros assuntos foram temas de uma sabatina ao Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, numa audiência pública ontem na Comissão de Direitos Humanos da ALERJ”.
Reportagem:
http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/03/17/beltrame-diz-que-nao-combatera-bico-de-policiais-enquanto-salarios-nao-melhorarem-754879719.asp
Destaco a fala do Secretário:
- “Não vou combater o “bico” dos policiais enquanto o Estado não der condições salariais que os motivem a deixar o “bico”. Mas não vou concordar que eles trabalhem para quem mesmo tacitamente esteja envolvido com o crime”.

A primeira matéria não precisa de maiores comentários, diante das evidências apontadas, inclusive com publicação de “trechos do contracheque”.
Assim sendo, vamos avaliar a matéria sobre o “bico” dos policiais.
Devemos parabenizar o Secretário de Segurança quando declarou que não vai reprimir o “bico”, enquanto os salários não forem reajustados, embora tal declaração possa ser entendida como a formalização tácita do “bico”.
O Secretário ratificou que continua a investigação sobre a presença de policiais fazendo segurança interna no sambódromo, em face do envolvimento da LIESA.
Sinceramente, creio que a referida investigação não deva ser feita pela Polícia Militar ou pela Secretaria de Segurança Pública, considerando que a LIESA organiza o desfile das escolas de samba no sambódromo, evento que teve a presença nos camarotes do Presidente da República, do Governador do Estado do Rio de Janeiro, do Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, entre outras autoridades.
Soa paradoxal investigar os policiais que trabalharam, enquanto não ficarem esclarecidos os seguintes aspectos da maior relevância:
- Quem alugou os camarotes utilizados pelas autoridades citadas?
- Quem pagou a ornamentação e a alimentação servida às autoridades e seus familiares?
- Qual foi o custo total dos camarotes?
- Quem cedeu à Rede Globo de Televisão o direito de transmitir com exclusividade os desfiles do sambódromo?
A LIESA não pode ser resposta para tais perguntas.
Os esclarecimentos são indispensáveis, sobretudo, após o Secretário de Segurança ter assumido publicamente que a LIESA tem “envolvimento histórico com os contraventores (jogo dos bichos)”.
O não esclarecimento significa que deixaremos no ar um sinal evidente do envolvimento do poder político com a LIESA, ou seja, com pessoas a margem da lei.
Em minha opinião, o Ministério Público deve participar da investigação para que todos os pontos sejam devidamente esclarecidos.
E pensar que o Coronel de Polícia UBIRATAN de Oliveira Ângelo foi exonerado da função de Comandante Geral pelo fato de não ter reprimido a mobilização cívica dos Policiais Militares por melhores salários e por condições adequadas de trabalho.
Foi exonerado porque não cometeu uma arbitrariedade, tendo em vista, que os Policiais Militares exerciam o seu direito constitucional, realizando atos cívicos quando estavam de folga, desarmados e em trajes civis.
O Coronel de Policial UBIRATAN foi exonerado por defender a democracia.
No Rio de Janeiro parece que existe uma democracia especial, uma democracia que atende aos interesses políticos, que permite inclusive decisões próprias do autoritarismo, quando for politicamente conveniente.
Lamentável.
Nós estamos ensinado às próximas gerações que o autoritarismo não precisa vestir fardas, ele pode muito bem vestir ternos finamente recortados.


PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO