terça-feira, 24 de março de 2009

SUCESSÃO DE SURPRESAS - JORGE SERRÃO.

Domingo, 22 de Março de 2009
SUCESSÃO DE SURPRESAS.
Edição de Artigos de Domingo do Alerta Total.
http://www.alertatotal.blogspot.com

Por Jorge Serrão

As pesquisas afetam o humor do chefão Lula da Silva. Uma delas, do Ibope, indicou que sua popularidade caiu pela primeira vez no segundo mandato. Baixou para 64% o índice dos que acham ótimo ou bom o desempenho do (des)governo. Em dezembro o percentual era de 73%. Pesquisas eleitorais reservadas também preocupam. Indicam que a eventual candidatura de Dilma Rousseff tem dificuldades para decolar no Norte/Nordeste – reduto onde Lula é mais popular.
No momento, Lula tem mais preocupação com os efeitos da crise sobre sua imagem. O Planalto se alarmou com índice dos que desaprovam as medidas contra o desemprego adotadas pelo (des)governo. O percentual já chega a 50% - ante os 40% da pesquisa de dezembro. Além do emprego, a marolinha tsunâmica já afeta a arrecadação federal. Se bobear, a Super Receita terá de trocar seu símbolo para um Leão-Marinho em dieta forçada.
Navegando na marolagem discursiva, Lula já deve estar olhando com preocupação para o irônico presentinho que ganhou, em Nova York, do repórter Felipe Andreoli, do CQC da Band. A bóia - “caso a marolinha se transforme em uma crise maior” - pode ter mil e uma utilidades. Por enquanto, para a platéia, Lula só acha graça da brincadeira. Mas, por dentro, o sorriso vai ficando amargo com a questão econômica e com as pesquisas.
A crise da marolinha antecipou a sucessão de 2010. Lula não pode se “treeleger”. O golpe do terceiro mandato não foi viável. A marolinha o sepultou de vez. Na falta de um candidato viável, o PT se apressou em lançar, na surdina, o nome da Dilma Rousseff (uma brizolista histórica que os petistas engolem a fórceps). Só que o nome da guerrilheira aposentada ainda não pega como deveria, apesar das plásticas e jogadas propagandísticas.
Os tucanos também se alvoroçaram. Querem definir logo se será José Serra ou Aécio Neves quem vai disputar a eleição contra os petistas e a frente de apoio que certamente juntarão. O notívago Serra leva vantagem sobre o apreciador de noitadas. Nas pesquisas precipitadas e nas articulações internas do PSDB. Serra e Aécio fingem uma harmonia inexistente em meio a uma guerra de bastidores. Mal sabem que, ao vencedor, podem sobrar as batatas (bem quentes).
Petistas, tucanos, demos e peemedebistas-sempre-governistas devem ficar mais espertos. Existem pesquisas sérias, não divulgadas publicamente, indicando que a sucessão de 2010 tem tudo para reservar surpresas. Encomendadas por partidos (para consumo interno) e por grandes corporações (que precisam auferir tendências políticas reais), tais estudos revelam que existe uma brecha para candidatos novos que podem superar José Serra, Ciro Gomes, Dilma Rousseff e Heloísa Helena – hoje os presidenciáveis citados nas precipitadas pesquisas de intenção de voto para a Presidência.
Pelo menos quatro nomes podem surgir como “novidades” (ou nem tanto) para a sucessão. Um deles é o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Seu maior cabo eleitoral, o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, garante que Collor começaria uma disputa com 15% a 30% das intenções de voto. Se tal previsão for verdadeira – com base em pesquisas -, o velho Collor, que o PT ajudou a destronar do poder em 1992, pintaria como favorito para o Palácio do Planalto que será reformado por R$ 103 milhões. Será que Collor vai encarar o desafio. Só Elle e Deus sabem...
Outra novidade viria da radical oposição ao desgoverno, atacando pela extrema esquerda. Trata-se do delegado federal Protógenes Queiroz. O nome do policial, que o povão ainda pronuncia como se fosse uma famosa marca de geladeira, é o sonho de consumo eleitoral de 11 entre cada 10 membros do PSOL. O tocador da Operação Satyagraha, que afirma ser apenas “candidato a carcereiro do banqueiro-bandido Daniel Dantas”, nega um projeto político imediato.
Mas a turma do PSOL quer vê-lo na disputa. Seja para deputado federal ou até para Presidente – já que Heloísa Helena deve buscar o Senado por Alagoas, que é bem mais fácil. Slogan o policial já tem: “Protógenes contra a Corrupção”. Afinal, Satyagraha significa “resistência pacífica e silenciosa”. O iniciado Protógenes sabe bem o que isso significa. Será que ele vem candidato a Presidente? A dúvida vai persistir até a hora da decisão. A única coisa certa é: nesta candidatura, ao contrário de todas as outras, Daniel Dantas não botará um tostão...
Um terceiro nome não se viabiliza propriamente como candidato a Presidente. Habilita-se para ocupar espaços próximos do Poder. Caso haja condições políticas, pode até ser lançado como um “grande empreendedor contra a crise”. A máquina de promoção pessoal e de plantação de notinhas jornalísticas do empresário Eike Batista opera a pleno vapor. Não será surpresa se ele surgir como candidato a vice na chapa governista. Ou, se isso não for possível e a cadeira de presidente interessar ao seu projeto de poder econômico, ele pode ser lançado ao Planalto.
Eike teria o apoio fácil da Oligarquia Financeira Transnacional que controla o Brasil. Seu pai, Eliezer Batista da Silva, é uma das maiores águias do capitalismo global. Poliglota autodidada, Eliezer aprendeu sozinho russo, inglês, alemão, francês, italiano e espanhol, e adquiriu noções básicas de grego. Seus amigos próximos revelam que agora Eliezer se dedica a aprender mandarim. Até porque é com os capimunistas chineses que o filhão promete grandes negócios. É bom ficar de olho nos movimentos políticos e nas Informações plantadas na mídia amestrada pelos “Insights” do ex-marido da Luma de Oliveira.
Um nome que também não pode ser ignorado na sucessão pode vir das “Legiões”. Em rodas conservadoras já se fala no lançamento da candidatura do General Augusto Heleno em 2010. O ex-Comandante Militar da Amazônia, que agora foi “promovido” a uma burocrática diretoria de Ciência & e Tecnologia do Exército, não é filiado a qualquer partido. Nem manifestou intenções políticas. Mas o militar que gritou contra as “Nações Indígenas” e defendeu a soberania do Brasil sobre a Amazônia é lembrado. Heleno teria de enfrentar a onda anti-militar ideologicamente reiterada pós-64. Missão eleitoral complicada.
Os nomes para 2010 ainda estão em aberto. Portanto, todas as pesquisas apenas com José Serra (ou Aécio Neves), Ciro Gomes e Dilma Rousseff não refletem a realidade para o cenário de daqui a um ano. O caminho está escancarado para candidaturas diferentes do convencional até agora estipulado. A sucessão de Lula, com muito surf na marolinha, promete muitos tombos, afogamentos e surpresas para quem conseguir chegar menos morto na praia do Planalto.

PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO