O jornal O Globo publica um editorial na página 6 com o título:
"É urgente conter a banda podre no Rio" (Leiam).
Esse deve ter sido o milésimo artigo que li nos últimos anos sobre o tema. A imprensa é pródiga em reportagens sobre o assunto, enquanto isso o governo estadual é ineficaz por completo com relação ao combate às denominadas bandas podres policiais. Aliás, no Brasil os combates a qualquer forma de criminalidade alcançam resultados pífios, sobretudo quando os crimes envolvem os maus políticos, nossos criminosos mais perigosos.
O governo erra quando insiste em pagar salários miseráveis aos policiais, como eu escrevo nesse blog há mais de cinco anos, considerando que os salários miseráveis alimentam a corrupção policial.
E, antes que vozes pouco esclarecidas no tema se ergam e digam que se ganhar mal fosse motivo para se corromper, todos os podres seriam corruptos, esclareço: Na verdade, o que alimenta a corrupção nas polícias é a conjunção de dois fatores, os salários miseráveis e as frequentes oportunidades de "tirar um por fora", oportunidades que se repetem várias vezes em um único dia de serviço.
Eis a razão do crescimento das bandas podres nas polícias, ganhando miseravelmente, significativa parcela dos efetivos policiais cede aos oferecimentos do tráfico de drogas, do transporte alternativo clandestino, das milícias, dos motoristas com a documentação irregular, do jogo dos bichos, das clínicas de aborto, dos donos de restaurantes que pede uma segurança na hora do fechamento, etc.
Os oferecimentos acontecem várias vezes a cada dia, repito. Portanto, pagar salários justos é a melhor forma de direcionar os efetivos para resistir e para reprimir essas práticas ilegais. Os bons salários fazem com que os policiais temam perdê-los, o que ocorre quando são expulsos de suas corporações. Enquanto, os salários forem famélicos, enquanto os rendimentos do "bico" forem maiores que o salário, o medo de perder o emprego quase não existe e as chances de resistir são menores.
Obviamente, mesmo recebendo salários excelentes, ainda assim teremos casos de corrupção policial, pois ganhar muito bem também não faz de ninguém uma pessoa honesta, caso contrário, não teríamos governadores acusados de desonestidades. Todavia, com salários justos, a corrupção policial diminuiria certamente.
Juntos Somos Fortes!