segunda-feira, 28 de julho de 2008

REVISTA VEJA - ENTREVISTA COM CORY BOOKER - ELE ESTÁ VENCENDO O CRIME.

A Revista Veja desta semana publica (páginas 15, 18 e 19) um entrevista com Cory Booker, prefeito da Cidade de Newark (Nova Jersey), que "era a cidade mais violenta do país".
A reportagem demonstra que uma gestão adequada, disposta a implementar mudanças é o melhor caminho para alcançar resultados no controle da criminalidade violenta.
A atual gestão "reduziu drasticamente a taxa de crimes violentos".
Cory Cooker declara que "copiamos coisas de outras cidades. Não importa que a novidade venha de Curitiba, no Brasil, ou de São Francisco, na Califórnia."
Infelizmente, no Rio de Janeiro estamos implantando, governo após governo, a mesma forma de gestão e a mesma "política de segurança pública", sem alcançarmos resultados satisfatórios.
Apenas para citar dois exemplos de resistência a mudanças:
- O Departamento de Polícia Técnico-Científica (Perícia) é autônoma e constitui uma carreira própria em vários estados do Brasil, enquanto no Rio de Janeiro, a "perícia" continua subordinada à Polícia Civil.
- As Polícias Ostensivas eficientes têm foco no cliente, na proteção do cidadão, através do emprego do policiamento ostensivo, priorizando a preservação da vida. No Rio de Janeiro, a Polícia Ostensiva, cada vez mais tem foco no combate ao crime, mesmo que suas ações signifiquem risco de morte para policiais, cidadãos inocentes e criminosos.
A vida é o maior valor a ser protegido e estamos nos afastando desta verdade, quando produzimos cenas de perseguição com "tiroteios" pelas vias públicas, para recuperar veículos e/ou prender criminosos.
Mudar a gestão é imprescindível para o sucesso.
Leia uma parte da entevista publicada no blog do jornalista Reinaldo Azevedo:


VEJA 8 -ELE ESTÁ VENCENDO O CRIME.
Por André Petry:

"Cory Booker, 39 anos, é prefeito da capital brasileira nos Estados Unidos: Newark, em Nova Jersey. Os cerca de 30 000 brasileiros que moram no local compraram 60% de todas as residências vendidas na cidade nos últimos anos. Ele governa mais brasileiros do que 4 000 de nossos prefeitos. É uma estrela em ascensão na política americana. Em 2002, sua campanha para a prefeitura de Newark, uma das cidades mais pobres e violentas dos EUA, acabou em derrota, mas virou um documentário indicado ao Oscar. Em 2006, Booker ganhou, com mais de 70% dos votos. Está no meio do mandato e já tem um sucesso vistoso: reduziu drasticamente a taxa de crimes violentos. Booker faz parte da primeira geração de políticos negros que era jovem demais – ou nem nascida – para ter participado da luta contra o racismo nos anos 60. Colega de Barack Obama, ele sempre aparece na lista dos cotados para ministro no caso de vitória do democrata. "Ninguém me tira daqui", diz. Formado em direito por Yale e filho de pais bem-sucedidos, ambos executivos da IBM, Booker é solteiro, não bebe, não fuma e é vegetariano desde 1992. Numa cidade ainda violenta, Booker anda com segurança 24 horas por dia.
Os comentaristas políticos dizem que, se Barack Obama for eleito presidente, o senhor trocará o título de prefeito pelo de ministro. Ministro?
Talvez eu pudesse ser o mordomo. Eu poderia abrir a porta e saudar as pessoas: "Bem-vindas à Casa Branca". Não, não. Ninguém me tira daqui. Estou há dois anos no comando da prefeitura, tenho mais dois anos pela frente e serei candidato à reeleição.
O senhor tem conversado com Obama?
Nos últimos tempos, não. Obama está muito ocupado. Não quero nem vou incomodá-lo. Antes da campanha, vínhamos conversando de vez em quando. Não somos amigos que se ligam para ir ao cinema no fim de semana. Ele nunca me convidou para tomar uma cerveja, mesmo porque não bebo. Mas Obama é um colega, um companheiro. Tenho grande afeição por ele. Quando li a sua autobiografia, A Origem dos Meus Sonhos, vi partes da minha própria história.Nos anos 80, Obama mudou-se para Chicago para fazer trabalho comunitário. Nos anos 90, o senhor fez o mesmo, em Newark.
Inspirou-se no trabalho dele?
Nem sabíamos da existência um do outro. Só fomos ouvir falar um do outro quando entramos para a política e a imprensa começou a escrever sobre as nossas semelhanças.
O que muda no fato de ser um político negro e não ter lutado pelos direitos civis nos anos 60?
Sou tudo o que sou por causa do sacrifício daquela geração, o que me permitiu freqüentar escolas de primeira linha e desfrutar uma série de privilégios. Nossa geração se beneficiou daquela luta e, hoje, sentimos a obrigação de retribuir algo do que recebemos por meio da ação política. É o meu caso, é o caso de Obama e de outros, como Harold Ford Jr. (ex-deputado do Tennessee), Artur Davis (deputado do Alabama), Adrian Fenty (prefeito de Washington)."
Assinante lê mais
aqui