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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

LULA APRENDEU A COMPRAR AVIÕES VOANDO - VILLAS-BÔAS CORRÊA.

Lula aprendeu a comprar avião voando
Villas-Bôas Corrêa
RIO - A decisão do presidente Lula, sem ouvir a opinião de ninguém, de comprar aviões de caça Rafale, da empresa francesa Dassault, que coroou a visita do presidente da França, Nicolas Sarkozy, ao Brasil, marcada pela cordialidade francesa de um sedutor de nascença, provocou uma reação de espanto nos sussurros ministeriais e a crítica dos parlamentares de oposição, à cata de um tema para o enterro do escândalo da roubalheira no Senado, que sobra para a Câmara dos Deputados.
Para o distinto público, entretido com a fila dos feriados e com um olho para acompanhar, pela televisão, a Parada do Dia da Independência, o bis dos vendavais que maltrataram o Sul, ainda não refeito das inundações de novembro do ano passado, são prioridades que relegam a compra dos aviões para mais uma das manias presidenciais.
E, de fato, é por aí que se pode chegar a uma avaliação próxima da verdade. Lula está em plena campanha para garantir a eleição da ministra Dilma Rousseff nas eleições de 3 de outubro de 2010. E, se o momento não é dos mais satisfatórios, com a queda na última pesquisa do CNT/Sensus, de 69,8% para 65,4% dos índices de popularidade, atribuída a erros políticos como o discurso em que tomou posição na crise do Senado, em defesa do presidente José Sarney; a crise da Receita Federal e o fracasso da saúde pública, especialmente no surto da gripe suína.
Além da queda que não quebrou nenhum osso, mas deixou arranhões na pele sensível, a senadora Marina Silva (AC) que se desligou do PT, insatisfeita com a dúbia política ambiental do governo que oscila mais do que roupa na corda em dia de ventania, para se filiar ao Partido Verde e ser lançada como candidata à Presidência de República, aparece na pesquisa estimulada entre 4,8% e 11,2% das intenções de voto.
É apenas uma amostra, que deve despertar preocupação. O governador de São Paulo, José Serra, só perderia para o presidente, que não pode ser candidato, depois de repelir as tentadoras manobras de um terceiro mandato com uma emenda golpista a uma Constituição já tão maltratada que parece roupa de mendigo.
Mas vamos voltar à compra dos caças franceses. Lula orgulha-se de ser um instintivo, que supriu as deficiências da formação de menino pobre, alfabetizado no curso para torneiro-mecânico do Senai, que foi o maior líder sindical do país, fundou o Partido dos Trabalhadores das suas atuais decepções, foi o deputado federal mais votado para a Constituinte que aprovou a remendada Constituição de 1988, derrotado em três eleições e eleito no segundo turno para tomar posse em 1° de janeiro de 2003, e reeleito para o mandato que termina em 1° de janeiro de 2011.
A mania de grandeza, o justo orgulho pela história sem paralelo da sua biografia, denunciou os primeiros sinais na montagem do maior ministério da história deste país e que ainda ganharia banha com a criação de novas pastas que nunca deram o menor sinal de sua existência. Sem falar no Ministério do Nada do ex-ministro Mangabeira Unger que voltou à sua cátedra nos Estados Unidos antes de salvar a Amazônia.
A autossuficiência, a vaidade, o orgulho de Lula foram inflando com os elogios do cordão que cada vez aumenta mais e os êxitos administrativos de evidente sucesso. A pasta que o ministro Patrus Ananias gerencia com exemplar transparência coleciona êxitos como o Bolsa Família, o Bolsa Escola, a Merenda Escolar.
O presidente que mais viajou pelo Brasil e pelo mundo sem termo de comparação é o presidente Lula da Silva. E como curte o avião com uma das mais adoráveis alegrias da vida e é curioso e bisbilhoteiro, procura informar-se com os comandantes, pilotos, mecânicos com o auxílio dos intérpretes. O presidente que fechou o negócio com o presidente Sarkozy não é um leviano que arrisca o dinheiro público numa compra precipitada, só para agradar ao ilustre visitante. Mas é o experiente viajante que já passou por todas situações sem revelar medo.
Portanto, o ministro paisano da Defesa, Nelson Jobim, poderia ter se poupado do passo em falso da desculpa de que o negócio dos caças franceses não foi fechado.
Na véspera, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, já mandara o recado com todas as letras: a decisão de Lula fora política.
Política, mas com o respaldo de um presidente que aprendeu a comprar aviões, voando.
* Villas-Bôas Corrêa é repórter político do JB.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
Ex-CORREGEDOR INTERNO

terça-feira, 15 de julho de 2008

VOCÊS ESTÃO LIVRES - MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA

VOCÊS ESTÃO LIVRES
MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA
5/7/2008

2 de julho de 2008. Data marcante para Ingrid Betancourt, libertada depois de ter estado seis anos e cinco meses como prisioneira dos narcoguerrilheiros das Farc. Ela e mais quatorze pessoas, entre as quais três norte-americanos, Marc Gonsalves, Keith Stansell e Thomas Howes, ouviram no vôo que os conduzia para a liberdade a frase salvadora: “Somos do Exército nacional e vocês estão livres”.
O resgate foi descrito pela imprensa mundial como cinematográfico e impecável, e a própria Ingrid afirmou numa emissora de rádio: “nos resgataram com grandeza”. “A ação mostra que podemos alcançar a paz se confiarmos em nossas Forças Armadas ”. Ela desmentirá depois a versão capciosa de uma rádio suíça que, tentando achincalhar o estrondoso êxito do presidente Álvaro Uribe, noticiou que tudo não passara de uma farsa porque os guerrilheiros tinham recebido dinheiro para libertar os reféns.
Esta desinformação e outras mais revelam a inconformidade de alguns diante da vitória do presidente colombiano, que prometera acabar com as Farc e está cumprindo sua promessa. Já deixaram esse mundo os principais líderes do movimento facinoroso, moedas de troca como Ingrid Betancourt e os norte-americanos estão livres, o bando está consideravelmente diminuído. É certo que centenas de reféns ainda padecem nas garras dos terroristas, mas estes estão enfraquecidos.
Os grandes perdedores no episódio do resgate foram o venezuelano Hugo Chávez, o equatoriano Rafael Correa, as esquerdas latino-americanas e, porque não, o Brasil com sua política externa dúbia. Inclusive, Lula da Silva se negou a declarar as Farc como terroristas. Afinal, aos companheiros do Foro de São Paulo tudo é permitido, tudo é perdoado em nome da causa: Assassinatos, torturas, seqüestros.
Espertamente Chávez, que chamara Uribe, entre outras coisas de “assassino” e “narcoparamilitar”, e que ameaçara invadir a Colômbia, agora chama o presidente colombiano de “irmão”. Coisa de metamorfose ambulante. Também o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que felicitou Uribe, parece querer atrair para si os louros do resgate. Ingrid reforçou essa idéia dizendo que sua ida à França foi um gesto de gratidão para quem mais lhe ajudou a deixar o cativeiro. Ela não mencionou Uribe e não lembrou que antes de Sarkozy o ex-presidente, Jacques Chirac, propôs negociação diplomática para sua libertação, assim como o chanceler Dominique Villepin.
Villepin foi o autor da idéia de enviar um avião com soldados, médicos e diplomatas que, sem consultar Brasília e Bogotá, pousaria em Manaus. O plano era retirar Ingrid da selva e levá-la sã e salva para Paris no dito avião. O romântico e mirabolante plano aconteceu, mas, como era de se esperar, fracassou.
Ressalve-se que o Exército Colombiano, que segundo foi noticiado, recebeu treinamento norte-americano e israelense, portanto o melhor do mundo se saiu brilhantemente e sem o lance rocambolesco do francês. Venceu o recurso militar e não o diplomático. Venceu a estratégia competente de Uribe que era malvisto em Paris, segundo Gilles Lapouge (O Estado de S. Paulo, 04/07/2008), como “um político cínico, cruel e indiferente, a soldo dos americanos”. Os franceses se esqueceram de que, se não fossem os norte-americanos teriam sido subjugados por Hitler.
Quanto a Ingrid, que apareceu bem disposta, com aparência saudável, pele impecável, muitos quilos mais gorda do que sua figura na foto que correu mundo e provocou comiseração, se hoje é considerada de forma quase unânime uma heroína, começa a suscitar críticas.
Um dos críticos é o etnólogo André-Marcel d’Ans citado por Lapouge: “Disse d’Ans, que Ingrid é uma mulher bem nascida numa dessas famílias colombianas em que se respira dinheiro e política”. “Seu pai foi diretor adjunto da Unesco em Paris”, ‘o que valeu a Ingrid longos anos de opulência em residências suntuosas e, para os filhos, estudos em francês nos estabelecimentos freqüentados pelo jet set’. ‘Era só a boa vida’. “De repente larga tudo, marido e filhos e parte em socorro de sua Pátria mártir”. ‘Ela mergulha na política na forma de uma esquerdista dândi, disposta a bater no peito, num gesto de mea culpa, desde que o peito não fosse o dela’. Torna-se uma perfeita chata, acabando com as reservas de paciência de alguns e de condescendência de outros’.
Ingrid se declarou inclinada a voltar novamente à política como candidata à presidência da República, apesar de ter dito depois que, se o povo quisesse não veria nada de mal numa candidatura de Uribe a um terceiro mandato. Algo no meu entender que, apesar da importância do admirável presidente colombiano seria lamentável do ponto de vista da democracia. Inclusive, se tal fato vier a ocorrer em muito ajudará a consolidar a mesma idéia desastrosa do PT em relação a Lula da Silva.
Para o escritor colombiano Fernando Vallejo, apesar das idas e vindas da política, nada muda de forma essencial na América Latina. Conforme Vallejo: “Toda classe política na América Latina só pensa em seus próprios interesses, quando não está claramente envolvida com o crime e a corrupção”.

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga, escritora e professora.
mlucia@sercomtel.com.br