quinta-feira, 29 de maio de 2008

JORNAL O DIA - BLOG DA SEGURANÇA - 28/05/2008 - GUSTAVO DE ALMEIDA

RUMO À TRANSPARÊNCIA ZERO.
"UPDATE: A PM decidiu manter a forma anterior de consulta aos boletins. As senhas, no entanto, continuam restritas, ao alcance apenas de policiais que têm acesso às seções em cada batalhão. Muitos praças são excluídos do processo. Mas pelo menos a PM ainda manteve acesso para muitos policiais de fora.
Por Gustavo de Almeida.
A PM continua caminhando a passos largos para trás, talvez tentando voltar 200 anos no tempo. Depois de restringir o acesso ao boletim ostensivo, agora utiliza o recurso máximo da arapongagem que é sistematizar o mesmo de modo a saber quem está lendo e de onde. É uma espécie de Big Brother. Com todos os erros políticos cometidos pela sua gestão, deve-se reconhecer que o coronel Ubiratan Angelo, antecessor, pelo menos defendia uma maior aproximação e abertura da corporação.O processo agora foi revertido.
Talvez seja para evitar que pessoas não-acostumadas se deparem com tantas "dispensas de licitação" (Apolo Serviços Gerais, mais de 200 mil reais?), ou "inexigibilidade de licitação" ou mesmo apurações de denúncias anônimas que levam dois anos e são arquivadas porque "o denunciante não se apresentou".
Fato é que os policiais me enviaram mensagens questionando a imagem abaixo:
Curioso é que não se vê o mesmo empenho na PMERJ em ter controle sobre ações de seus agentes - os mesmos têm liberdade total para andar de moto pela cidade cumprindo o dever de verificar quem pagou ou não pagou o IPVA, como acontece no Aterro do Flamengo.
Enquanto isso, os requerimentos de informações feitos pelos deputados da Comissão de Segurança Pública (que têm como presidente Wagner Montes e como vice Flavio Bolsonaro) continuam sendo sumariamente ignorados.
É curioso o modelo de Polícia Militar aprovado pela Secretaria de Segurança Pública.
Transparência, correição, salário, todos são temas tabus. Nesta terça-feira, na Câmara dos Deputados em Brasília, o delegado Gilberto Ribeiro, chefe de Polícia Civil, defendeu melhores salários para seus chefiados. O mesmo não fez o comandante-geral da PM, também presente (diga-se de passagem, graças à série sobre o Chapéu Mangueira publicada por O DIA).
Será que é isso mesmo que quer a Secretaria de Segurança?
O comandante-geral disse ontem na Câmara que há "mais policiamento ostensivo" e que a PM teve "748 enfrentamentos este ano". As estatísticas de assaltos só aumentam. E nesta terça-feira, o crime mostrou sua brutalidade: foi morto, aos 86 anos, Ulrich Rosenzweig, pai de uma das figuras mais queridas da Zona Sul do Rio, a Evelyn Rosenzweig.
Só podemos rezar. Por Evelyn, por Ulrich, por todos nós".