Prezados leitores, feliz 2012!
A cada greve que eclode no Brasil envolvendo Policiais Militares e Bombeiros Militares de pronto surgem as vozes governistas que procuram enfraquecer a mobilização, utilizando velhas táticas e centrando o discurso basicamente na ilegalidade da greve, em face de vedação constitucional (interpretação discutível) e no fato de que quem vai sofrer é a população, em uma tentativa de colocar o povo contra os mobilizados. Não tem sido diferente no Ceará, onde as categorias estão realizando uma paralisação, como podemos identificar no editoral do jornal O Povo online intitulado "Greve na Polícia Militar: Ilegalidade insana" (leiam).
O editorial foca na ilegalidade que considera indiscutível, quando na verdade é discutível e nos problemas decorrentes da paralisação na virada do ano, em face das comemorações. Apesar de sinalizar que as autoridades deveriam ter identificado e resolvido os problemas antes da ruptura, o texto é concluído de forma ameaçadora:
"É hora, pois, de desarmar os espíritos, voltar à negociação e deixar o bom senso prevalecer, sob pena de os próprios grevistas passarem a ser encarados como algozes pela sociedade. O que não seria bom para eles.
Estarão os grevistas conscientes de que terão de arcar com as consequências do que vier a acontecer com cidadãos inocentes".
E o governo?
O governo está consciente de que terá de arcar com as consequências do que vier a acontecer com cidadãos inocentes".
Sim, o governo é o principal responsável, considerando que os mobilizados estão lutando por melhores salários e adequadas condições de trabalho desde 2006, como ouvi em uma entrevista.
Pergunto:
Por quantos anos os mobilizados devem esperar, arriscando as suas vidas diariamente, para que o governo resolva as questões?
2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011, são seis anos esperando e vendo o sofrimento de suas famílias diariamente, em virtude da falta de dinheiro para prover as necessidades básicas.
É importante, recomendo aos mobilizados do Ceará, que em todas as entrevistas digam quando a luta começou e há quanto tempo estão esperando pelo governo solucionador.
Os governistas, inclusive a mídia governista, fazem tudo para transformar os problemas em fatos pontuais, como se os mobilizados tivessem partido logo para a radicalização.
Parabéns aos mobilizados do Ceará e cuidem para que a emoção não os conduza para excessos que possam ser puníveis. Usem as decisões recentes do ex-presidente Lula e da presidente Dilma sobre a anistia para os que lutam por salários dignos, mas cuidado com para não romperem as barreiras do defensável.
No Rio, a luta começou em 2007 com o grupo 40 da Evaristos, concluímos o quinto ano sem que o governo tenha atendido as nossas reivindicações. Aqui a imprensa governista é fortíssima, faz de tudo para apoiar o governo, que por sua vez usa a tática da divisão, aproveitando o egoísmo reinante, o governador gratifica muito bem pequenos grupos, condenando aos salários miseráveis a maioria da tropa e a totalidade dos inativos. Além disso, o governo refrescou claramente o controle correcional, o que facilita a vida da banda podre que não liga para salários ou gratificações. Tal quadro faz com que os próprios PMs ajudem o governo a escravizá-los, por mais incrível que possa parecer. Igual linha de raciocínio podemos fazer com relação aos Oficiais do Corpo de Bombeiros, enquanto os Praças são a honrada exceção, como a história recente comprova.
Por derradeiro, reafirmo:
Não sei a fórmula mágica, a melhor maneira de dobrar esses péssimos governantes e com o menor prejuízo para os mobilizados e a população, mas sei a fórmula que não dá certo, a fórmula errada, pois ela é utilizada há mais de 200 anos na PM e mais de 150 no CBM do Rio: Esperar que os comandantes gerais consigam negociar com os governadores os nossos salários dignos, isso nunca deu certo.
Só a força da tropa poderá fazer com que os governantes respeitem os PMs e BMs em todo Brasil.
Juntos Somos Fortes!
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