Os temas que constituem o título do artigo e que são referentes aos dois artigos postados ontem já foram tratados inúmeras vezes no nosso espaço democrático, sempre com um nível de abordagem compatível com uma regra tácita para os artigos da internet, no sentido de que o tamanho do artigo é inversamente proporcional ao interesse pela leitura. Artigos grandes, interesse pequeno. Os temas são recorrentes e invariavelmente, surgem comentários que acabam fazendo comparações entre as Polícias Militar e Civil, como se uma pudesse ser mais importante que a outra. Assim como, surgem comparações entre Delegados e Coronéis.
Prezado leitor, quando queremos obter uma resposta errada para a solução de um problema, basta que façamos a pergunta errada, pronto, está feito. Sinceramente, sem querer ser o dono da verdade, penso que alguns comentaristas estão fora do foco da questão. E o cerne da discussão é o interesse público, sobretudo considerando que estamos tratando de um serviço público essencial, a segurança pública.
O que atende melhor ao interesse público?
O modelo atual com duas instituições policiais, cada uma fazendo uma parte do ciclo de polícia, o que gera inclusive competição entre elas, um novo modelo com uma polícia única?
O modelo atual no qual as duas polícias têm duas portas de entrada de ingresso (Polícia Militar – base e meio, Polícia Civil – base e topo) ou um novo modelo onde a porta de entrada seja única e que a progressão seja feita pelo critério meritório (concursos e cursos internos) até alcançar o último nível hierárquico?
São essas as perguntas corretas em nossa opinião.
Nunca comparamos Delegados com Coronéis, os últimos níveis institucionais, pois os caminhos percorridos são muito diferentes. Em nenhum momento, por exemplo, a relevância dos Delegados de Polícia foi desmerecida, não queremos acabar com o cargo, muito pelo contrário, pois o novo modelo valorizará ainda mais os que, através de uma carreira de sucesso, conseguirem alcançar o último nível.
Atualmente, os Praças da Polícia Militar e os Policiais Civis de carreira têm enormes dificuldades para competirem nos concursos para Oficial e para Delegado, pois trabalham em escalas desgastantes e ainda precisam trabalhar em um segundo emprego (bico) para sustentarem com dignidade suas famílias. Eles são obrigados a competir com jovens recém saídos dos bancos escolares, concludentes do segundo grau ou do curso de bacharel em direito, sendo que muitos deles nem trabalham e ainda, freqüentam cursos preparatórios.
Jogamos a experiência profissional no lixo e isso é péssimo para a população, considerando que nas atividades policiais, a experiência também é fundamental.
Para exemplificar citamos um fenômeno que eu cheguei a vivenciar no serviço ativo. Quando ingressei na PMERJ, os Praças só alcançavam os postos de Oficiais QOA no final da carreira, com idade elevada e só eram aproveitados nas funções administrativas. A situação foi se modificando e os Praças foram chegando mais jovens ao Oficialato, o que começou a construir uma nova realidade: os Tenentes QOA começaram a se destacar positivamente em relação aos Tenentes oriundos da EsFO (APM), pois tinham o conhecimento, a experiência e ainda tinham o vigor físico.
Uma polícia única, organizada militarmente ou não, com ingresso através de concurso público pela base e com candidatos com nível superior completo, sendo o acesso aos níveis subseqüentes feitos através de concursos e cursos internos.
Quer ser Delegado ou Coronel?
Ingresse no primeiro nível hierárquico (Policial).
E, por favor, vamos parar de tentar comparar Delegados com Promotores, Defensores Públicos ou Juízes, a única semelhança é a formação acadêmica. O Delegado é um investigador, investigar é sua missão primordial, inteiramente diversa das outras carreiras citadas.
Juntos Somos Fortes!